quinta-feira, 9 de setembro de 2010

BRASIL CONQUISTA MELHOR RESULTADO DA HISTÓRIA DO JUDÔ FEMININO

A gaúcha Mayra Aguiar deu ao Brasil, na manhã dessa quinta-feira (9/9), o melhor resultado do judô feminino em Campeonatos Mundiais Sênior. A gaúcha de 19 anos conquistou a medalha de prata na categoria meio-pesado no Mundial de Tóquio na decisão contra a americana Kayla Harrison. Antes dela, o pais somava três bronzes com Edinanci Silva (1997 e 2003), também no meio-pesado, e Danielle Zangrando (1995) no peso leve. Curiosamente, das quatro medalhas das mulheres brasileiras, três foram ganhas no Japão: 1995, Tóquio e 2003, Osaka. Em 1997 o Mundial foi em Paris. No masculino, o destaque do primeiro dia foi o jovem Rafael Silva, que terminou em quinto no pesado ao perder a disputa do bronze para o francês Matthieu Bataille. No total, o Brasil soma 20 medalhas (quatro ouros, três pratas e 13 bronzes) desde 1971 (em 11 mundiais).
“Estamos reescrevendo a história do judô feminino do Brasil. Em 2008 conquistamos nossa primeira medalha olímpica e, agora, chegamos à nossa primeira final em Mundial”, comemora a técnica Rosicleia Campos. “Temos mais três dias para realizar o sonho maior, que é chegar ao ouro”, completa.
Dona do recorde de três medalhas em Mundial Júnior (bronze em 2006, prata em 2008, ambas no peso médio, e bronze em 2009 já no meio-pesado), Mayra Aguiar esteve perto do ouro no Japão. A luta final foi decidida apenas no golden score (a prorrogação no judô, onde quem aplica o primeiro golpe vence). As duas finalistas já haviam se encontrado em outras ocasiões esse ano, com uma vitória para cada lado. A americana, 11a do ranking mundial, venceu na Copa do Mundo de São Paulo e a brasileira levou a melhor na final do Campeonato Pan-Americano.
A judoca da Sogipa/RS esteve em um dia inspirado, batendo em sua campanha até a decisão a corena Gyeong-Mi Jeong (8a do ranking mundial), a vice-campeã olímpica Yallenis Castillo (CUB), a campeã olímpica Xiuli Yang (CHN), a alemã terceira colocada do ranking mundial, Heide Wollert para só parar diante da americana Harrison (campeã mundial júnior de 2008).
Contra a chinesa campeã em Pequim 2008, Mayra aplicou um ippon em 28 segundos.
“Estudei bastante os golpes dela, mas não sabia que a chinesa era a campeã olímpica. Acho que foi melhor assim”, sorri Mayra, ainda com jeito de menina. “É muito bom subir ao pódio e levar o Brasil junto comigo”, completa a companheira de clube de João Derly, primeiro campeão mundial da história do judô brasileiro.
Acompanhando pela internet as lutas, Derly (campeão em 2005 e 2007) vibrava a cada vitória de Mayra.
“Ela estava com jeito de campeã, fez uma bela competição”, elogiou Derly, que se recupera de uma lesão no joelho.
Embora tenha noção do significado de seu feito para o judô nacional, Mayra não estava de todo satisfeita:
“Perder nunca é bom. Mas agora meu foco é a classificação para as Olimpíadas. Tenho sonhos maiores”, afirma Mayra, que ganhou 300 pontos com o segundo lugar e deve ganhar muitas posições no ranking mundial, onde ocupa atualmente o 14o lugar. As 16 melhores vão a Londres 2012.
No masculino, Rafael Silva, 23 anos, ficou em quinto lugar no peso pesado. Em seu primeiro campeonato mundial sênior, o paranaense do Pinheiros/SP fez bela campanha e só caiu diante do experiente Matthieu Bataille em um lance polêmico, em que o francês colocou a mão na perna de Rafael, o que é proibido pela regra e punido com desclassificação.
“Cheguei muito perto da medalha. Na segunda-feira terei uma nova chance”, disse Rafael, que disputará ainda a categoria absoluto em Tóquio. “Tive os meus melhores resultados em 2010. Acho que o quinto lugar está bom para o primeiro mundial, mas eu sei que podia ter ido mais longe”, acrescentou.
Já o campeão mundial de 2007, Luciano Correa, quinto colocado no ranking mundial, foi surpreendido pelo americano Kyle Vashkulat na primeira rodada. Também eliminado na luta de esteria, Walter Santos não resistiu ao ucraniano Stanislav Bondarenko, 11o do ranking. No feminino, Maria Suellen Altheman chegou a estar vencendo a japonesa Maki Tsukada, terceira do mundo, mas acabou perdendo por punição e deixou o Mundial na primeira fase de disputa.
Os próximos a entrar no tatame no Ginásio Nacional Yoyogi são os médios Tiago Camilo e Hugo Pessanha, os meio-médios Leandro Guilheiro e Flávio Canto e a médio Maria Portela. Canto luta contra Watcharin Jampawong (THA), Guilheiro enfrenta Konstantins Ovchinnikovs (LAT), Camilo pega Mohamed Elassri (MAR) e Pessanha encara Aigars Milenbergs (LAT). A adversária de Maria Portela é a coreana Ye-Sul Hwang.
Manoela Penna, de Tóquio

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